7.11.2009

Uma postagem a mais;

“90 TELAS EM 90 DIAS”

A sistematização do fazer artístico na forma fragmentada criou uma dinâmica ‘aleatória e combinatória’ que se tornou o diálogo entre a forma plástica e a forma textual. As ‘notas de tempos inconciliáveis’ e as 90 telas em 90 dias existiram a partir de uma disciplina que foi cumprida diariamente com uma certa rigidez formal: pintar uma tela por dia e escrever no diário fragmentos dessa ação durante noventa dias consecutivos.
Essa forma de sistematização, apesar de rígida, não poderia estar fechada aos acidentes e a aleatoriedade dos dados que fogem ao banal, daí as notas nem sempre se complementarem numa estrutura harmônica fixa.
O sistema de notas ou blocos permitiu o surgimento de formas coesas de passagens sobre o fazer artístico, pois a forma fragmentada e contida em blocos e em 90 telas diferentes impôs a pesquisa uma ordem pré-estabelecida em que as combinações das notas e das telas se tornaram diferenciadas (combinatórias ou aleatórias), e esta situação contribuiu para uma pesquisa mais sensível de artista que foi capaz de desdobrar conceitos plásticos em conceitos teóricos.
A colagem é o que reúne, sobrepõem, subverte, anula e intervém sempre na superfície. A colagem não poderia deixar de ser ela mesma superficial (como estratégia) e fragmentada; temporalidade quebrada e sincopada.
A colagem se torna temporária, pois as coisas permanecem juntas por que se grudam e depois se descolam, pois a cola seca, o tempo passa e os separa.
A colagem rompe, sobrepõe e apaga, subverte o que está em cima e em baixo, o visível e o oculto. Os campos são cindidos uns pelos outros, a colagem apresenta coisas completamente distintas reunidas umas às outras e essas coisas, apesar de coladas, mantêm suas identidades e autonomias. As coisas convivem entre elas, mas não se amalgamam.

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